1. Promover o desenvolvimento da consciência fonológica e da consciência fonémica
Existem algumas abordagens para sensibilizar as crianças para a vertente fonológica da linguagem.
a) Fazer jogos para comparar a extensão silábica das palavras
Podem ser usados três tipos de pares de palavras:
i) neutros – as duas palavras têm a mesma extensão e os objetos a que se referem também (e.g., pera – maçã; garfo – faca);
ii) congruentes – a palavra maior refere-se ao objeto maior (e.g., árvore – flor; frigorífico – copo);
iii) incongruentes – a palavra maior refere-se ao objeto mais pequeno ou os objetos são de tamanho semelhante (e.g., sapato – pé; cão – borboleta). Para medir a extensão de cada palavra, as crianças batem palmas por cada sílaba e contam. Os educadores/professores devem discutir a experiência com as crianças e explicitar a ideia de que a palavra maior é aquela que tem mais sons.
b) Observar e nomear imagens
Trata-se de uma atividade de que as crianças gostam. Fazer “Famílias de rimas” ou “Famílias de sílabas” são jogos divertidos que as podem ajudar a detetar e identificar rimas e sílabas. Por exemplo, tendo disponível um conjunto de imagens de objetos, ações, animais, plantas, etc., pode-se pedir que juntem as que terminam em “ilha”, ”ão”, “ol”, “az”, etc. Este jogo pode modificar-se e tornar-se mais exigente: pode-se medir com uma ampulheta o tempo máximo para completar com “n” imagens; pode-se fazer grupos e cronometrar aquele que leva menos tempo. Fazer o mesmo jogo com sílabas iniciais é outra variante.
c) Ler poemas que repetem muitas vezes uma certa rima
Isto ajuda as crianças a produzir palavras com a mesma rima ou a inventar palavras com essa rima, versão que cria muito divertimento e adesão.
O mesmo tipo de tarefa pode ser realizado com poemas que repetem palavras com a mesma sílaba inicial. Pode-se pedir às crianças que produzam outras palavras, ou palavras inventadas com as mesmas sílabas iniciais. Depois, as tarefas podem ser mais complexas, como, por exemplo, trocar sílabas (dizer “tupá” em vez de “pato”).
d) Iniciar sempre o trabalho com fonemas a partir de sílabas
Por exemplo, podemos pedir às crianças que comparem duas palavras: “fala” e “fila” e digam se a primeira sílaba de cada palavra é igual ou diferente. Ao concluir que é diferente (“fáááá” – “fiiii”), procura-se encontrar a diferença: acabam com um “som” diferente, mas começam com “fffffá – fffffi”. Começam as duas com “fff”.
Utilizar imagens para trabalhar com fonemas é um apoio excelente, porque as imagens permitem manter em memória as palavras. Com imagens podem ser feitos jogos de famílias de fonemas iniciais, jogos do intruso (numa sequência de três/quatro imagens, uma tem um nome que começa com um fonema diferente), jogos de dominó (uma imagem cujo nome tem três fonemas tem que emparelhar com outra com três fonemas).
2. Monitorizar o desenvolvimento da consciência fonológica e da consciência fonémica
Para monitorizar se as crianças estão ou não a aprender, podemos pedir-lhes que:
a) indiquem qual das palavras, numa série de quatro imagens previamente nomeadas, termina com um “som” final (rima) diferente (e.g. “papel, jornal, hotel, pincel”);
b) combinem os “bocadinhos de sons” que vão ouvir separadamente e digam a palavra (e.g. “fru”, “ta”; “car”, “na”, “val”);
c) digam qual é o “som” igual num par de palavras (e.g. “bilha – bico”; “foto – gato”);
d) completem a sequência de palavras com outra que termine com o mesmo “som” (e.g., serpente, doente, vidente, …);
e) troquem a ordem de sílabas em palavras (e.g., responder “tufá” para “fato”; responder “tâpós” para “posta”);
f) troquem as vogais das sílabas (e.g., responder “óvâ” para “avó”; “cupã” para “campo”);
g) digam se um par de palavras começa ou não com o primeiro “som” igual (e.g., “fada – figo”; “sola – pelo”; “jipe – gelo”);
h) identifiquem e contem os “sons” de uma palavra (e.g., “só” – “s-ó" : 2; “rua” – “r-u-â" :3; “festa” – “f-é-S-t-â”: 5; “frio” – “f-r-i-u”: 4).
Autoria: Ana Paula Vale Edição: Andreia Lobo
Publicação: 22.setembro.2020
Esta atividade, parte do Programa LFLê – Linguagem, Fonologia e Literacia Emergente, pretende que as crianças aprendam a focar a atenção nos “sons” da fala comparando a extensão fonológica de diferentes pares de palavras.
Esta atividade, parte do Programa LFLê – Linguagem, Fonologia e Literacia Emergente, pretende ensinar as crianças a detetar rimas.
Esta atividade, parte do Programa LFLê – Linguagem, Fonologia e Literacia Emergente, pretende ajudar as crianças a focar a atenção, a detetar e a identificar as sílabas iniciais das palavras.
Nesta atividade é solicitado às crianças que escolham, de entre quatro palavras, aquela que não pertence à equipa, ou seja, que não começa com a mesma sílaba que as restantes três palavras.
O jogo "Vamos às compras com sílabas" permite às crianças treinar a capacidade de segmentar palavras em sílabas. Para jogarem irão comprar produtos numa loja usando moedas. O preço dos produtos depende do seu número de sílabas.
"Papagaio que repete sons" é uma atividade em que se pretende que as crianças foquem a sua atenção nos sons que mais se repetem numa frase ou num conjunto de frases que são ditas por um papagaio-fantoche. De uma forma lúdica, as crianças vão ganhando gradualmente consciência dos fonemas, identificando-os e aprendendo quais os grafemas que os representam.
Desenvolver nas crianças em idade pré-escolar habilidades para lidar conscientemente com os constituintes fonológicos da fala ajuda-as a familiarizar-se com a ideia de que as palavras são compostas por “bocadinhos de sons”. Esta noção será útil mais tarde, quando tiverem de aprender que as letras servem para representar os segmentos mais pequenos da fala, os fonemas.