1. Promover o conhecimento das irregularidades
É fácil antever o caminho que leva a um melhor conhecimento das irregularidades ou inconsistências: não se trata de dominar regras, mas sim de conhecer exemplares. Ou seja, é necessário conhecer a forma escrita das palavras irregulares ou inconsistentes, tê-las armazenadas em memória. Como conseguir fazê-lo?
O primeiro passo é criar alguma familiaridade das crianças com estas palavras. Isto pode acontecer naturalmente em atividades de enriquecimento do vocabulário, quer falado quer escrito, em que as crianças são a elas expostas. Em casa, a leitura de contos, com o livro visível não só para o adulto, mas também para a criança, propicia o contacto com palavras, várias das quais serão inconsistentes. E também na escola, qualquer atividade, seja de leitura em voz alta, seja de apresentação e discussão de conteúdos, pode ser usada para a familiarização com as palavras escritas, incluindo as inconsistentes.
Além da exposição e do contacto, torna-se necessária a prática: exercitar a leitura e praticar a escrita de palavras irregulares ou inconsistentes. É a prática continuada, de preferência em contexto significativo, que suporta a aquisição do conhecimento em geral, e o caso destas palavras não é exceção. Nas FAQ encontra alguns exemplos.
2. Monitorizar o domínio das irregularidades
O conhecimento progressivo das palavras irregulares ou inconsistentes manifesta-se tanto na leitura em voz alta como na escrita.
Quanto à leitura em voz alta, a atenção particular à forma como a criança pronuncia palavras inconsistentes permite detetar eventuais hesitações, dúvidas ou dificuldades; se isso acontecer, é oportuno exemplificar com pronúncia cuidada a leitura correta da palavra. Propicia-se assim uma ocasião de aprendizagem através do reforço do traço mnésico entre a forma escrita e a forma falada da palavra.
Como em português as inconsistências são mais importantes quando se escreve do que quando se lê, é particularmente importante atender ao modo como a criança escreve. Atividades como o ditado ou a escrita livre permitem detetar casos que suscitem maiores dificuldades a uma ou mais crianças. Impõe-se então um feedback apropriado que, tal como na leitura, tem por objetivo fortalecer na criança o traço mnésico da forma da palavra escrita.
Autoria: São Luís Castro Edição: Andreia Lobo
Publicação: 22.setembro.2020
Nesta atividade as crianças aprendem que o grafema <x> se pode ler /ks/ em algumas palavras, e treinam a leitura das palavras mais frequentes com esse caso.
Aprender a ler e a escrever implica a apropriação do princípio alfabético, isto é, de que os grafemas representam os sons da fala, os fonemas. As relações entre grafemas e fonemas podem ser de vários tipos e têm de ser aprendidas de forma gradual.
Esta atividade ensina os alunos a usar conhecimento morfossintático para escrever palavras terminadas em ice e isse, uma vez que a representação do fonema /isɨ/ pode ser bastante difícil para os escreventes menos experientes.
Nesta sequência sintetizam-se e esquematizam-se as correspondências grafo-fonológicas a ensinar. Incluem-se aqui as mais úteis e não necessariamente aquelas que correspondem a uma descrição fonológica académica da língua. É lançado em simultâneo com a nova História Inovadora: "Fafá, Lulu e Vivi", que pode aceder no separador Histórias.
O português é uma escrita alfabética – quando escrevemos, as letras mostram a sequência dos fonemas nas palavras. Mas nem sempre há uma correspondência fixa, de um-para-um, entre letra e som/fonema. As irregularidades do código tornam a aprendizagem, tanto da leitura como da escrita, menos linear e mais difícil.