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Promover a leitura, é fundamental!

1. Promover a leitura orientada na sala de aula.

Nas escolas do primeiro ciclo a atividade com efeitos mais seguros para formar leitores é a leitura orientada em sala de aula. Deve ser inserida de forma regular no tempo letivo e incidir em obras motivadoras, capazes de induzir nos alunos o interesse pelos livros e de lhes proporcionar o desenvolvimento de competências. Como as aulas são situações em que os alunos necessariamente participam, tornam-se as melhores oportunidades para que todos descubram o que os livros contêm, o prazer que podem dar. Remeter a prática de leitura para o tempo livre é um erro, pois geralmente só irá abranger quem já se encontra convertido à leitura.

O desejável envolvimento dos alunos na leitura orientada em sala de aula deve respeitar alguns pressupostos: 

1) todos os alunos devem ter acesso ao texto para poderem participar, lendo e ouvindo ler, observando as ilustrações e acompanhando as atividades coletivas – aconselha-se pelo menos um livro para cada par de alunos;

2) as obras selecionadas devem adequar-se às características e aos interesses dos próprios leitores;

3) na escolha de modalidades de leitura é desejável fugir à rotina, podendo recorrer-se aos mais variados tipos de possibilidades - leitura em voz alta feita pelo professor ou por alunos em sucessão, em coro, em parceria, leitura feita por convidados, leitura com gravações, etc.;

4) a realização de atividades letivas, na sequência ou de forma intercalada com a leitura orientada, poderá com vantagem envolver escrita e resposta a questões, mas não deverá constituir um contraponto negativo que estrague o prazer de ler resultante do contacto com os livros e o interesse pelas mensagens ali descobertas.

Relativamente à promoção do gosto pela leitura, as evidências alertam para o facto de qualquer livro poder dar ou não dar prazer a quem o lê, por motivos imponderáveis, de foro individual. E não havendo nenhuma obra capaz de agradar a toda a gente, a regra será proporcionar o contacto das crianças com uma grande diversidade de livros, para assim aumentar a probabilidade de que cada um encontre os livros-chave que lhe abram as portas do interesse pela leitura e do hábito de ler, por vontade própria.

Em paralelo com a atividade central de leitura na sala de aula, há toda a vantagem em incluir vários outras formas de promoção de leitura ao longo do ano letivo. Citam-se a título de exemplo as apresentações interativas de livros nas salas de aula, ou nas bibliotecas, as atividades de expressão inspiradas em livros, os jogos, concursos, prémios de escrita, os encontros com autores, o estímulo do envolvimento de pais e outros familiares, as visitas regulares à biblioteca escolar com realização de atividades, feiras de livro, encontros com autores, etc.


2. Monitorizar a leitura orientada em sala de aula.

É possível realizar a monitorização da leitura orientada na sala de aula de forma natural, durante os momentos em que decorre, e aprofundá-la após a sua realização. A pedra angular do processo é a observação dos comportamentos das crianças, tanto no decurso da leitura como nos diálogos intercalares, pois permite obter informações relevantes acerca de atitudes e progressos e, acima de tudo, selecionar formas de acompanhamento e apoio ajustado para quem revele algum tipo de resistência ou dificuldade. Feita de modo sistemático, a observação da leitura orientada permite apreciar:

1) a fluência na leitura de palavras, frases, textos ou livros, quando os alunos são convidados a ler em voz alta;
2) a compreensão dos textos e das obras lidas, verificável pelas dúvidas e sobretudo pela respostas dos alunos a questões colocadas pelo professor ou por colegas;
3) o interesse despertado por cada obra e a sua adequação à turma, verificável pelo nível de concentração durante a leitura e pela participação nos diálogos;
4) a diversidade de situações dos alunos perante a leitura, tanto no que respeita à motivação, como à compreensão, verificáveis nas atitudes de envolvimento ou alheamento e nas respostas de cada um.

É indispensável que o docente procure interpretar o que vai observando e esteja aberto a eventuais rejeições, distinguindo as que possam decorrer de desinteresse individual e as que resultem de seleção de obras desadequadas, por exemplo, devido à abordagem de temáticas desatualizadas ou estranhas à realidade vivida pelas crianças, ou de uma excessiva complexidade de linguagem que impeça a compreensão por parte da maioria dos alunos. Em caso de rejeição por parte de um número significativo será preferível não insistir no mesmo tipo de obras.

Para tornar possível um acompanhamento individualizado, é muito vantajoso que o docente disponha de um sistema pessoal para registar as suas observações acerca de cada aluno.

Após a conclusão da leitura de cada obra, a monitorização pode incluir resposta a questões ou questionários, curtos e simples para não se tornarem fastidiosos. Os questionários podem incidir na motivação e na compreensão, mas podem igualmente captar intenções em voltar a ler livros do mesmo género, o que ajuda os docentes a monitorizarem o seu próprio trabalho e indo cada vez mais ao encontro do que realmente estimula nos seus alunos o prazer de ler e o interesse pelos livros.


Autoria: Isabel Alçada

Publicação: 10.maio.2021

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