1. Promover o desenvolvimento da consciência da morfologia flexional
A identificação das categorias morfossintáticas das palavras especificadas pela flexão tem uma relevância lexical, relacionada com o seu papel no significado, e tem uma relevância sintática, relacionada com o reconhecimento de relações de dependência frásica.
Recomenda-se o treino do uso de oposições de número, nos substantivos e adjetivos, bem como de oposições de tempo-modo-aspeto e pessoa-número, nos verbos. Esse treino deve ocorrer em contextos frásicos, dado que esta componente da morfologia tem repercussões evidentes na sintaxe. O treino das formas regulares (cf. casa-casas, livro-livros; canta-cantou-cantava, etc.) deve preceder o das formas irregulares, que requerem treino caso a caso (cf. vai-foi-ía; ou o futuro do conjuntivo de verbos como saber), ou de formas cuja flexão desencadeia a intervenção de processos morfofonológicos (cf. útil-úteis, subtil-subtis; cidadão-cidadãos, capitão-capitães, verão-verões).
A flexão de palavras mais longas, que têm frequentemente uma estrutura morfológica complexa, deve também ser objeto de treino específico, mas em momento posterior ao do contacto com essas formas (cf. flexão do verbo entreter ou o plural de palavras como mel, ou dos compostos).
2. Monitorizar o desenvolvimento da consciência da morfologia flexional
A monitorização do uso da morfologia flexional deve considerar os acertos nas respostas e também o tempo de resposta, que dará indicações sobre o grau de estabilização do sistema flexional e sobre a consolidação da aprendizagem dos casos particulares que se sobrepõe à intervenção sistemática da flexão. A maturação do sistema flexional ocorre precocemente, mas o conhecimento dos casos em que o sistema é bloqueado por usos particulares (cf. dito em vez de dizido, por exemplo) é mais demorado e depende da exposição regular a esses casos através da linguagem oral ou dos textos escritos.
Por último, não deve esquecer-se que algumas formas flexionadas são próprias da oralidade (como as formas verbais de primeira pessoa) e outras ocorrem tipicamente apenas em alguns registos escritos, como se verifica no uso do pretérito mais-que-perfeito (cf. cantara), ou até do futuro simples (cf. cantará). A apresentação destas formas, e especialmente das últimas, deve ser preparada propositadamente, dado que a exposição espontânea não está garantida. O contacto com estas formas em contextos ‘preparados’ poderá facilitar o seu reconhecimento, por exemplo no trabalho de análise de textos literários em momentos avançados do processo de ensino.
Autoria: Alina Villalva
Publicação: 14.janeiro.2022
Esta atividade procura mostrar, sem o explicitar, o conhecimento da flexão de número (singular / plural) relacionado com o valor da cardinalidade (um / dois) que se manifesta no substantivo (e.g. turista / turistas) e no adjetivo modificador (atrapalhado / atrapalhados).